quarta-feira, 30 de julho de 2008

COMO ME FUDI NO SHOW DO LOS HERMANOS

Por: Adolar Gangorra - http://www.adolargangorra.com.br/blog/?p=10

Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas garotas legais, né?

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um. Na verdade, era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Que bacana! Que politizada ela era! E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava em beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez… Aí, acho que ela me deu um certo mole… Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o meu cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito “vibrão” de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil “Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.”, finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, “do bem” como eles mesmo falam… Mas que não me deram muita conversa. “Do bem”, isso mesmo! Gíria nova… Todos aqui são “do bem”. E que nomes tão simples e idílicos! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington… Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí… acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música: “De quem você é fã?”, perguntou. Pô, eu me amarro no George…” Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: “Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!” Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de “Seu”! Seu Jorge! Isso é que é fã! “Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!” , ela emendou. Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison?
Essa eu não entendi…

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava. “Eu curtia aquela banda da Bahia…”. “Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!” “Não, Camisa de Vênus! “Silvia! Piranha!” cantei, rindo. A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: “Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?” Óbvio que não funcionou… Aí, acho que dei um fora…

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles “promovem um resgate da boa música brasileira”. “Tipo Os Raimundos com o forró?”, perguntei. “Claro que não!”, disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque “eles são únicos”, apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também “Marginalia” ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles… Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit “Mintchura”. Ainda bem que tudo mudou, né?

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam “Os Irmãos”? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos “Hermanos”, ela usou a expressão “do bem” umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá… Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda… Cacete…! O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: “Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?” Ela disse um “não” esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam “Los Hermanos”! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento “Dark”, como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista “Dark” brasileiro… Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: “Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego” ou “O tempo passou na janela é só Carolina não viu”. “Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue” ou “Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”. Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada: “Mas ele não é da banda!” Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada…

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: “Os Irmãos”! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento…

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos: “Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!” Ouvi a seguinte resposta: “Coca-Cola? Isso é muito imperialista… Guaraná é que é brasileiro!” Puxa, que pessoal politizado… Isso mesmo, viva o Brasil! “Yankees, go home”, rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o “Janelas”? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles… fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: “Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!” Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: “Que Weezer o quê? O nome dessa música é “Cara Estranho”. Já vi que não gostou de novo… Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles… Só não consigo dizer qual…

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: “Filha da putaaaaaaaaaa!” Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos! Pô, todo show alguém grita isso! É quase uma tradição até! Eu me amarro no cara! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho… Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: “Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!”, mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera…

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Jandaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi: “Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência…” Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É “do bem”. É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda…
Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: “…e esse mala aí sem camisa…” Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho… E, afinal, o que significa “mala”?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também… Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta! “Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?”

“Que sinal?? Que sinal??”, respondi, assustado!
“De buceta, palhaço!”, apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. “Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?”, gritou o tal hipponga na minha cara. Que viado, eu não tava fazendo nada! Parecia uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas… (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! “Bento”, que nome mais ridículo… Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase: “Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?” Aí foi demais! Eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera “do bem” que está aqui!”
Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. “Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!”? “Estamos realmente resgatando a nossa cultura!” ? Que exagero… Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres!
Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto: “TOCA ANA JULIA!” Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o “Seu Jorge” Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete…
Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus…

* Adolar Gangorra tem 65 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e é filho único.

terça-feira, 22 de julho de 2008

"As mulheres Celtas."

"Quem me conhece sabe o misticismo que ultrapassa as barreiras de mim e circula o mundo. O povo Celta é um dos povos que mais me impressiona, pela sua mitologia, pela sua cultura e pela sua lenda. AlémdaLenda, há a história de um povo que viveu na idade do Ferro, mas que tinham um poder e um domínio sobre sua conduta e um respeito imencomensurável por suas mulheres. A sociedade Celta era tripartida, ou seja, havia uma nobreza governante formada pelos guerreiros de onde saiam os lideres; Havia o Clero formado pelos druidas, homens e mulheres que influenciavam muito a sociedade da época; E os homens livres, artesãos, mestres em diversos ofícios. Os guerreiro eram extremamente importantes, afinal de contas estou me referindo a “Idade do Ferro”: o mundo de então era baseado em valores como a honra, a conquista e a glória. Os melhores guerreiros teriam seu nome cantado, reverenciado, em poesias, prosas e versos e seus nomes ficariam para sempre marcados na eternidade. Os celtas eram antes de tudo uma sociedade guerreira, onde as conquista originadas pelos seus efeitos heróicos e gloriosos, garantiam o poder para estes guerreiros, pois atraiam e mantinham os fiéis e aliados tementes aos seus súditos. As mulheres Celtas tinham grande importância nos três ramos da sociedade e eram livres na sua forma de pensar e agir. Ocupavam uma posição muito importante, muito maior que a das mulheres greco- romana na sociedade. Estas mulhres não se assemelhavam aos homens somente na altura, mas também na coragem e força. Eram guerreiras, instruiam os exércitos, participavam das guerras, era extremamente normal que seguissem o mesmo caminho dos homens. O direito dessas mulheres era garantido, onde estas tinham independência e liberdade em escolher seus parceiros, e principalmente liberdade nos seus atos. Porém apesar de toda esta liberdade, todos os domínios celtas, aparentemente, eram centrados na figura masculina. Mas isso nos deve fazer apreciar ainda mais a sociedade Celta, pois mesmo ela sendo predominantemente baseada na força, domínio e vitalidade dos seus homens como uma forma incontestável de sobrevivência, a igualdade dos sexos foi mantidada de uma forma muito acentuada, onde as mulheres Celtas eram extremamente mais respeitadas que as mulheres de cultura ditas "civilizadas" como as grega e a romana. As Celtas tinham uma beleza intensa. Imponentes, orgulhosas, de vestes elegantes, deixavam os romanos e os gregos aos seus pés. A sexualidade não era algo que os Celtas se envergonhassem, pelo contrário: nas palavras de Diodorus Siculus, "elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isto não é visto como uma desgraça: pelo contrário, elas se sentem ofendidas quando seus favores são recusados." Alguns historiadores gregos contam que nas lendas irlandesas da Rainha Maedbh, ela afirmava "jamais ter se deitado com um homem sem que houvesse outro a esperá-la na sombra".
Quando uma romana questionou a integridade de uma mulher celta obteve como resposta: "Nós mulheres celtas atendemos as exigências da natureza com muito mais dignidade do que vocês, romanas: pois enquanto nós copulamos abertamente com nossos melhores homens, vocês secretamente se sujeitam aos mais vis." O respeito, a dignidade, a auto valorização de mulheres de personalidade e integridade tão fortes e marcantes eram passados pelas druidas, que não ensinavam somente valores de respeito para consigo mesmas, mas também, as ensinavam valorizar-se sexualmente para atrair seus homens e manterem seus casamento. Por isso que muitas vezes essas mulhres são citadas como exemplos para os dias de hoje, onde, infelizmente, ainda existem mulheres que se baseiam na sociedade romana. Não podemos deixar de exaltar que numa sociedade tão antiga a modernidade se fez presente principalmente na mentalidade dos homens que respeitavam, acima de tudo, o direito de igualdade para com suas mulheres.



Gostaram do texto? creio eu que sim, enfim, esses texto não é de minha autoria, é do Blog de uma amiga. Por ser algo bem diferente do que costumo postar foi o escolhido. Espero que dêem uma passada no Blog Original

terça-feira, 15 de julho de 2008

TSE AGORA QUER QUE EU FALE SÓ DE ASSUNTOS CELESTES. ENTÃO TÁ!

O Tribunal Superior Eleitoral fez uma grande fogueira em Brasília e queimou a obra de Montesquieu. Que mané divisão de Poderes, o quê! O tribunal quer tudo. No lugar, mandou reeditar o pensamento vivo de Armando Falcão. Aquilo, sim, é que era disciplina e objetividade. Só o retrato do candidato e duas linhas de biografia: data de nascimento, profissão, cidade de origem e cargo que disputa. E acabou. Nada de más influências contaminando a cabeça limpa de cidadãos desprotegidos.

O TSE não quer mais blogs e sites opinando sobre política. E, no caso de notícia, deve-se garantir a todos igual espaço. O tal do Levy Fidelix, aquele do aerotrem, é candidato? Preciso saber o que ele pensa e enviar o resultado para os senhores ministros. Durante a ditadura militar, vocês sabem, o Estadão publicava sonetos de Camões e estrofes de Os Lusíadas no lugar das matérias que eram censuradas.

Resolvi lembrar algumas estrofes e trechos em prosa para homenagear o TSE. Já que não posso falar sobre política, agora vou me dedicar à literatura, entenderam? Vamos começar a falar de novo por meio de metáforas, aquele procedimento que rendeu ao Chico Buarque a fama de gênio. Vamos lá. Com açúcar, com afeto, dedico estas palavras aos ministros do TSE:

*
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
(...)
(Gregório de Matos)
*
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
(...)

E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.
(...)
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.
(...)

(Gregório de Matos)

Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. — Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
(...)
Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. — Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um, chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: Nou cessat simul furta, vel punire, vel facere: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. — Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.
(Sermão do Bom Ladrão, Padre Vieira)

*
“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disso conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas?
Oh tempos, oh costumes!
(Catilinárias, Cícero)
*
"Quando as leis forem fixas e literais, quando só confiarem ao magistrado a missão de examinar os atos dos cidadãos, para decidir se tais atos são conformes ou contrários à lei escrita; quando, enfim, a regra do justo e do injusto, que deve dirigir em todos os seus atos o ignorante e o homem instruído, não for um motivo de controvérsia, mas simples questão de fato, então não mais se verão os cidadãos submetidos ao jugo de uma multidão de pequenos tiranos, tanto mais insuportáveis quanto menor é a distância entre o opressor e o oprimido".
(Dos Delitos e das Penas, de Cesare Beccaria)
*

*
Por favor, Pare agora, Senhor juiz, Pare agora!
(Schopenhauer, também conhecido por "Ternurinha")
Por Reinaldo Azevedo | 05:55 |


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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Finalmente a data da I CÃOMINHADA!

Data: 11/07/08 (11 de julho)
Horário: 17:30 da tarde
Local Campo de Futebol da Av. Raul Lopes

Permitido cães de todos os portes;
Cães sob total responsabilidade do dono;
À todos que vão, estamos pedindo doações para a Apipa (Associação que cuida de animais carentes de Teresina, cães e gatos) de ração e/ou remédios;

Qualquer dúvida, fale conosco
aline: 9987-3335
rebeca: 9442-4926

Esperamos a presença de todos.



Bom, quem puder divulgar eu agradeço e se for eu agradeço ainda mais.



E ai de quem reclamar do trocadilho.